Julian Schnabel: quando a pintura encontra o cinema
Hoje vou falar sobre cinema, mas eu não vou te dar apenas uma lista de filmes, vou falar um pouquinho da obra de um cineasta que eu gosto bastante: o Julian Schanbel. Por quê? Porque ele, além de cineasta, é um grande artista plástico.
Nascido em Nova York em 1951, Schnabel é um dos artistas mais originais em atividade atualmente. Sua prática multidisciplinar vai além da pintura e inclui escultura, cinema, arquitetura e até mesmo mobiliário. A sua abordagem pouco ortodoxa e altamente experimental do uso de materiais, gestos e formas nas suas pinturas gigantescas, tornaram a distinção entre abstração e figuração obsoleta, assim a famosa batalha entre as duas perde o sentido na sua obra. Além disso, seu trabalho foi fundamental para o ressurgimento da pintura nos Estados Unidos no final da década de 1970, onde ele se insere no movimento conhecido como Neo-Expressionismo. Todo esse repertório, essa maneira de transitar por diversas linguagens, contribuiu para que o artista desenvolvesse uma obra audiovisual extremamente sofisticada.
É muito interessante observar como funciona o olhar do pintor no trabalho como diretor. Isso pode ser percebido claramente em “At Eternity’s Gate”, que em português é “Às portas da Eternidade” de 2018 e “Basquiat” de 1996. O primeiro é sobre a vida de Van Gogh e Willem Dafoe concorreu ao Oscar de melhor ator por esse filme. O segundo, como o próprio titulo diz, é sobre o pintor Jean-Michel Basquiat. Eu acho que sempre vale à pena rever para observar as atuações incríveis de Jeffrey Wright (que também é pintor) como Basquiat e David Bowie, impressionante como Andy Warhol.
Além desses dois, tem o lindo e premiado “O Escafandro e a Borboleta”, de 2007. O filme foi baseado na história real do editor-chefe da revista Elle, Jean-Dominique Bauby que sofreu um AVC e teve seu corpo totalmente paralisado, apenas o seu olho esquerdo funcionava. Não me surpreende que um pintor como Schanbel se interesse por uma história onde o olho, o olhar e como se comunicar através dele seja o grande tema do filme. Sua filmografia tem ainda “Antes do Anoitecer” de 2000 e “Miral”, de 2010. Esses dois são os que eu ainda não vi e quero ver. E você? Já escolheu qual desses filmes você vai ver ou rever?